O conflito no Sudão
Um
dos conflitos mais importantes ocorridos no continente africano foi o do Sudão,
uma guerra civil que durou cerca de 40 anos e deixou aproximadamente 2 milhões
de mortos, principalmente na região sul do país, e que culminou com a criação
do Estado do Sudão do Sul, é ainda tema da mídia, de organizações
internacionais, de interesses de outros Estados, de concursos públicos e
principalmente do currículo escolar do Ensino Fundamental e Médio. No entanto,
este conflito ainda é pouco compreendido e suas causas, consequências e
influências geralmente são associadas à questões culturais, étnicas e
religiosas, ficando as econômicas, sociais e políticas, subvalorizadas neste
conflito.
Para
o entendimento dessas questões encontrei uma monografia intitulada “As causas
políticas do conflito no Sudão: determinantes estruturais e estratégicos.”, de
Luíza Galiazzi Schneider, defendida em 2008, no Departamento de Economia, da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, para o título de bacharel em Relações
Internacionais. Fiz algumas considerações mais pontuais sobre o que a autora
escreveu em seu texto e deixo o link para que o leitor deste blog possa ter
acesso ao texto completo.
O
Sudão é o país de maior extensão da África. Situado no centro d continente, o
país é o elo entre as mais diversas regiões do continente: a áfrica Árabe e
Mediterrânea, a África Ocidental, o Chifre da África e a África Negra. Com
aproximadamente 36 milhões de pessoas e um PIB de 38 bilhões de dólares em 2006
teve a segunda maior taxa de crescimento econômico em 2007 (11,8%),
impulsionado pela indústria petrolífera – o Sudão está entre os 5 maiores
detentores de petróleo na África.
No
entanto, o país foi fortemente castigado desde a sua independência em 1956 por
não conseguir encontrar consenso sobre a formatação do Estado que queria sua
capital em Cartum, muito distante das regiões periféricas, principalmente as do
Sul do país. O conflito civil teve início então no começo da década de 60, com
duas fases, a primeira de 1962 a 1972 e a segunda de 1983 a 2005.
Este
conflito foi transmitido amplamente pela mídia como um conflito religioso entre
o Norte mulçumano e o Sul cristão/animista, resultando em uma das guerras civis
após independência mais longas da África com um saldo de mortos de mais de 2
milhões de pessoas.
O
conflitou teve fim em 2005 com a assinatura do Comprehensive Peace Agreement (CPA) em Naivasha, no Quênia, quando
outras regiões do país se rebelaram contra o governo central. A região de Dafur
então foi fortemente atacada por grupos armados que reivindicavam melhores
distribuições dos recursos advindos das riquezas do país. Esta questão coloca
em cheque a hipótese e argumentação da mídia e órgãos internacionais de que
esses conflitos seriam eminentemente religiosos.
O
trabalho da autora vem então para desenvolver outra hipótese que não seja
somente a sociocultural ou religiosa e étnica, mas sim a de que os diversos
conflitos ocorridos no Sudão estão interligados por uma lógica fundamental: a
concentração do poder político e econômico em Cartum e a negligência em relação
às periferias do país.
Referência