terça-feira, 19 de junho de 2012


O conflito no Sudão
Um dos conflitos mais importantes ocorridos no continente africano foi o do Sudão, uma guerra civil que durou cerca de 40 anos e deixou aproximadamente 2 milhões de mortos, principalmente na região sul do país, e que culminou com a criação do Estado do Sudão do Sul, é ainda tema da mídia, de organizações internacionais, de interesses de outros Estados, de concursos públicos e principalmente do currículo escolar do Ensino Fundamental e Médio. No entanto, este conflito ainda é pouco compreendido e suas causas, consequências e influências geralmente são associadas à questões culturais, étnicas e religiosas, ficando as econômicas, sociais e políticas, subvalorizadas neste conflito.
Para o entendimento dessas questões encontrei uma monografia intitulada “As causas políticas do conflito no Sudão: determinantes estruturais e estratégicos.”, de Luíza Galiazzi Schneider, defendida em 2008, no Departamento de Economia, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, para o título de bacharel em Relações Internacionais. Fiz algumas considerações mais pontuais sobre o que a autora escreveu em seu texto e deixo o link para que o leitor deste blog possa ter acesso ao texto completo.
O Sudão é o país de maior extensão da África. Situado no centro d continente, o país é o elo entre as mais diversas regiões do continente: a áfrica Árabe e Mediterrânea, a África Ocidental, o Chifre da África e a África Negra. Com aproximadamente 36 milhões de pessoas e um PIB de 38 bilhões de dólares em 2006 teve a segunda maior taxa de crescimento econômico em 2007 (11,8%), impulsionado pela indústria petrolífera – o Sudão está entre os 5 maiores detentores de petróleo na África.
No entanto, o país foi fortemente castigado desde a sua independência em 1956 por não conseguir encontrar consenso sobre a formatação do Estado que queria sua capital em Cartum, muito distante das regiões periféricas, principalmente as do Sul do país. O conflito civil teve início então no começo da década de 60, com duas fases, a primeira de 1962 a 1972 e a segunda de 1983 a 2005.
Este conflito foi transmitido amplamente pela mídia como um conflito religioso entre o Norte mulçumano e o Sul cristão/animista, resultando em uma das guerras civis após independência mais longas da África com um saldo de mortos de mais de 2 milhões de pessoas.
O conflitou teve fim em 2005 com a assinatura do Comprehensive Peace Agreement (CPA) em Naivasha, no Quênia, quando outras regiões do país se rebelaram contra o governo central. A região de Dafur então foi fortemente atacada por grupos armados que reivindicavam melhores distribuições dos recursos advindos das riquezas do país. Esta questão coloca em cheque a hipótese e argumentação da mídia e órgãos internacionais de que esses conflitos seriam eminentemente religiosos.
O trabalho da autora vem então para desenvolver outra hipótese que não seja somente a sociocultural ou religiosa e étnica, mas sim a de que os diversos conflitos ocorridos no Sudão estão interligados por uma lógica fundamental: a concentração do poder político e econômico em Cartum e a negligência em relação às periferias do país.
Referência




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